Desvendando o Comer Emocional

A alimentação transcende a mera nutrição que conta somente calorias e nutrientes, na maioria das vezes está entrelaçada com nossas emoções e estados mentais.

Em momentos de estresse, solidão, felicidade ou tristeza, recorrer à comida como fonte de conforto é comum. No entanto, quando essa conexão se torna predominante e desequilibrada, pode gerar impactos negativos em nossa saúde física e emocional.

O comer emocional é caracterizado pelo consumo excessivo e impulsivo de alimentos em resposta a estados emocionais, em vez de necessidades fisiológicas.

Nas maioria das vezes, os alimentos escolhidos são os mais palatáveis, ou seja, alimentos que possuem um apelo maior de sabor, como guloseimas, doces, frituras etc...

Em momentos de ansiedade, estresse, tristeza, solidão ou até mesmo felicidade intensa, podemos recorrer à comida como uma fonte de conforto ou recompensa. Usar desse mecanismo por algumas vezes é normal e saudável, pois a comida também possui esse papel. Comer vai muito além de somente contar calorias.

Quem nunca foi fazer um brigadeiro de panela para aliviar um dia intenso e com TPM?

Quem nunca fez pipoca para assistir a um filme após um dia estressante?

O grande problema é quando nos apoiamos na comida toda vez que nos deparamos com alguma emoção, quando colocamos isso no piloto automático.

Quando não sabemos identificar as emoções do momento e perdemos a percepção da realidade. Quando delegamos esse papel curativo à comida.

Esse padrão de comportamento pode desencadear um ciclo vicioso de satisfação onde as emoções negativas são temporariamente suprimidas pelo prazer momentâneo da comida, mas logo após surge o sentimento de culpa ou arrependimento.

Nutri Cela segurando dois tipos de alimentos: uma maçã e um donuts. Ambos podem estar incluídos de forma equilibrada no dia a dia

Como nutricionista, especializada em Comportamento Alimentar e que está se especializando em Transtornos Alimentares, afirmo que é crucial compreender e abordar essa dinâmica complexa entre emoções e alimentação, pois os hábitos alimentares estão muito além somente da contagem de calorias dos alimentos.

A seguir, algumas estratégias eficazes para lidar com o comer emocional de maneira saudável:

1. Autoconsciência Emocional: Aprenda a reconhecer e a compreender suas próprias emoções e os padrões de comportamento alimentar associados a elas. Manter um diário emocional e alimentar pode ajudar a identificar gatilhos específicos. Separe um caderninho e anote as sensações e emoções que lhe ocorrem ao se alimentar.

2. Substituições Equilibradas: Ao invés de recorrer a alimentos ultraprocessados em momentos de estresse, experimente alternativas saudáveis, como praticar atividades físicas, meditar ou conversar com um amigo próximo.

3. Alimentação Consciente: Pratique o hábito de comer com atenção plena, prestando atenção aos sinais de fome e saciedade do corpo. Coma devagar, saboreando cada mordida, e evite distrações durante as refeições, como o uso de celular e TV.

4. Planejamento Antecipado: Mantenha uma rotina alimentar equilibrada, planejando refeições nutritivas com antecedência. Isso pode reduzir impulsividade e episódios de comer emocional.

5. Busque Apoio Profissional: Se estiver lutando para controlar o comer emocional, considere procurar ajuda de um nutricionista especializado em transtornos alimentares. Eles podem oferecer orientação personalizada e apoio emocional para superar desafios. Ter alguém para segurar a sua mão durante o processo ajuda muito.
   

O comer emocional é mais do que uma simples relação com a comida; trata-se de autocuidado holístico, nutrindo corpo e mente. Ao cultivar uma relação mais consciente e equilibrada com a alimentação, podemos promover nossa saúde física e bem-estar emocional a longo prazo.

Marcela Camargo

Nutri Especialista em Comportamento Alimentar (USP) e se Especializando em Transtornos Alimentares (Unifesp)

Contato: 12 996726839